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(Texto adaptado ao Acordo Ortográfico de 1990. Para aceder ao texto original abra a hiperligação.)
Qual a origem dos portugueses? Como surgiram os portugueses? Que mistura de povos deu origem ao que somos hoje? Ou será que somos descendentes apenas de um povo e diferentes de todos os outros? Os portugueses são fruto de uma mistura de povos que migraram para a Península Ibérica no decorrer dos séculos. A mistura básica ocorreu entre os iberos e celtas. Os iberos foram os habitantes indígenas de Portugal, provenientes do norte da África e sudeste da Europa.
Quatro mil anos depois, os celtas, oriundos do sudoeste da Europa, invadiram a península e mesclaram-se com a população ibera, formando os celtiberos, como os lusitanos, que são considerados os antepassados dos portugueses.
Lusitânia
Misturas menores ocorreram com a chegada dos romanos, de onde se originou a língua portuguesa e com os mouros, principalmente berberes. Com a decadência do Império Romano, Portugal foi invadido por povos germânicos, como os visigodos e suevos. Influências pouco significativas vieram com gregos, fenícios, cartagineses, vândalos e os alanos.
Os celtiberos são o povo que resultou, segundo alguns autores, da fusão das culturas do povo Céltico e a do povo Ibero, nativo da Península Ibérica. Habitavam a Península Ibérica, nas regiões montanhosas onde nascem os rios Douro, Tejo e Guadiana, desde o século VI a.C.. Não há, contudo, unanimidade quanto à origem destes povos entre os historiadores.
Para outros autores, tratar-se-ia de um povo Celta que adaptou costumes e tradições iberas. Estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos, embora cada uma destas fosse autónoma, numa espécie de federação. Esta organização social e a sua natural belicosidade, permitiram a estes povos resistir tenazmente aos invasores Romanos até cerca de 133 a.C., com a Queda de Numância.
Morte de Viriato
Deste povo desenvolveram-se, na parte ocidental da Península, os Lusitanos, considerados pelos historiadores como os antecessores dos portugueses, que viriam ser subjugados ao Império Romano no século II a.C..
Os dados sobre a composição genética dos Portugueses apontam para a sua fraca diferenciação interna e base essencialmente continental europeia paleolítica.
É certo que houve processos démicos no Mesolítico (provável ligação ao Norte de África) e Neolítico (criando alguma ligação com o Médio Oriente, mas bastante menos do que noutras zonas da Europa), tal como as migrações das Idades do Cobre, Bronze e Ferro contribuíram para a indo-europeização da Península Ibérica (essencialmente uma «celtização»), sem apagar o forte carácter mediterrânico, particularmente a sul e leste. A romanização, as invasões germânicas, o domínio islâmico mouro, a presença judaica e a escravatura subsariana terão tido igualmente o seu impacto e a sua contribuição démica.
Podem mesmo listar-se todos os povos historicamente mais importantes que por Portugal passaram e/ou ficaram:
- As culturas pré-indo-europeias da Península Ibérica (como Tartessos e outras anteriores) e seus descendentes (como os cónios, posteriormente «celtizados»);
- Os protoceltas e celtas (tais como os lusitanos, Galaicos, Célticos);
- Alguns poucos fenícios e cartagineses;
- Romanos;
- Suevos, búrios e visigodos, bem como alguns poucos vândalos e alanos;
- Alguns poucos bizantinos;
- Berberes com alguns árabes e saqaliba (escravos eslavos);
- Judeus sefarditas;
- Fluxos menos maciços de migrantes europeus (particularmente da Europa Ocidental).
Todos estes processos populacionais terão deixado a sua marca, ora mais forte, ora só vestigial. Mas a base genética da população relativamente homogénea do território português, como do resto da Península Ibérica, mantém-se a mesma nos últimos quarenta milénios: os primeiros seres humanos modernos a entrar na Europa Ocidental, os caçadores-recolectores do Paleolítico.
Estudo genético
Um estudo genético pormenorizou as origens geográficas dos antepassados dos atuais portugueses, sendo as seguintes:
- 50,4% de contribuição ibero-itálica (originária da Europa mediterrânica)
- 25% de contribuição noroeste-europeia (originária das Ilhas Britânicas, Europa Ocidental ou Escandinávia)
- 9,1% de contribuição eslava-báltica (originária da Europa do leste e do centro e dos Balcãs)
- 4,2% de contribuição norte-africana (originária do Magrebe e do Deserto do Saara)
- 2,6% de contribuição árabe (originária da Península Arábica e do Nordeste da África)
- 2,5% de contribuição leste-mediterrânica (originária dos actuais Chipre, Malta e de judeus europeus)
- 1,2% de contribuição do Corno da África (actuais Etiópia e Somália)
- 1,9% de contribuição da Cordilheira do Cáucaso (actuais Rússia, Geórgia, Arménia, Azerbaijão, Irão e Turquia)
- 1,0% de contribuição urálica (actuais Finlândia, norte da Rússia e montanhas urálicas)
Segundo um outro estudo, dos antepassados dos actuais portugueses:
- 50% deles eram originários da Península Ibérica. Isso sugere uma origem predominantemente autóctone da população portuguesa, remontando aos primeiros habitantes humanos da Península Ibérica, talvez incluindo povos falantes de língua ibérica que ali chegaram em tempos pré-históricos.
- 28,9% eram originários dos arredores da região chamada pelos romanos de Gália Belga, que hoje incluem os Estados da Bélgica, Holanda, Luxemburgo, norte da França e sudeste da Grã-Bretanha. Isso sugere uma migração de povos de cultura celta para a Ibéria, que também ocorreu em tempos pré-históricos.
- 11,2% eram do Norte da África, o que pode significar contacto direto com mercadores fenícios e cartaginenses, assim como resultado da invasão muçulmana da península Ibérica ocorrida na Idade Média.
- 4,5% eram fenícios, que pode ser resultado da migração de povos que estiveram em contacto direto com eles, como os godos e alanos, de povos do Báltico como os suevos ou dos saqaliba, que eram escravos eslavos trazidos para Portugal durante o domínio islâmico.
- Outras migrações contribuíram com os restantes 5,4%.
Não existe de facto um consenso, sabendo-se no entanto que Portugal é habitado desde tempos imemoráveis.
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